9.3.18

Depois do «pânico», ciganos pedem ajuda para recuperar o que o tornado destruiu

Por Pedro Lemos, in Sul Informação

Foram «momentos de pânico», com crianças a chorar e «tudo a ir pelos ares». A comunidade cigana do Cerro do Bruxo não esquece o tornado que ontem, 4 de Março, arrasou o seu acampamento. Agora, as cerca de 130 pessoas estão no Pavilhão Municipal da Penha, até o tempo melhorar, mas exigem que a Câmara de Faro as ajude a recuperar o que o tornado destruiu.

À porta do Pavilhão, há crianças, jovens, adultos e idosos. Uns vão conversando e outros apenas estão sentados a olhar para a estrada que passa ali perto. Todos passaram lá à noite e têm sido ajudados por técnicos de Ação Social da Câmara de Faro. A autarquia tem, também, providenciado refeições a todos os desalojados.

Henrique Garcias Martins está sozinho à entrada. Ao Sul Informação, recorda a tarde de ontem. «Foi tudo pelo ar. Foram placas, plástico. Nós não sabíamos o que fazer. Tudo aconteceu de repente».
A primeira reação de todos foi fugir para o Hospital de Faro para se abrigarem. «Entrou a água toda, partiu as portas. Agora temos de nos aguentar», refere.

Maria de Lurdes Martins também foi uma das afetadas. Tem a filha ao colo e fala com emoção na voz. «Os meus filhos são doentes e estão assustados. Não querem ir para as barracas porque temos tudo encharcado».
Com a sua filha pequena ao colo, garante que «não arranca» do Pavilhão «até o presidente decidir alguma coisa para todos nós». E que solução poderá ser essa? «Arranjar-nos uma casa ou madeira para fazermos uma barraca. Mas, se fizer estes ventos, voa tudo outra vez», diz.

Rogério Bacalhau, num briefing com os jornalistas, realizado na manhã desta segunda-feira, 5 de Março, falou sobre o futuro desta comunidade cigana.

«Mal o tempo esteja com maior estabilidade, vão voltar às suas casas. Em 2012, todo este acampamento ficou destruído. Logo que as condições o permitam vão ter de regressar. Nós estamos a estudar soluções para o futuro», disse.

Quanto a uma possível ajuda a estas pessoas, o edil explicou que, «se se justificar, podemos ajudar na reconstrução de algumas casas». Só que, alerta, «o município tem uma carência muito grande de habitação social. Temos uma lista de espera muito grande».

Na visita que o Sul Informação fez ao acampamento do Cerro do Bruxo, comprovou a destruição que o tornado deixou. Por todo o lado, vêem-se chapas que voaram, mas também portas arrancadas e sítios alagados. A situação mais preocupante é de duas barracas que foram destruídas.

Numa delas, moravam João Manuel e Dulce Madeiro que, esta manhã, ainda faziam contas aos estragos. «Tinha aqui os meus quatro filhos, graças a Deus que não lhes aconteceu nada de mal», diz Dulce, enquanto olha para o pouco que resta.

Passaram a noite na casa de um familiar e, tal como a comunidade cigana que está no Pavilhão, pedem a ajuda da Câmara neste momento de dor.
«Isto foi enorme. Destruiu tudo», conclui Dulce, emocionada.