10.2.17

Migrantes enfrentam as temperaturas negativas na Sérvia

Ana Marques Maia, in Público on-line

O encerramento da Rota dos Balcãs, em Março de 2016, criou uma situação de impasse para os milhares de migrantes (não refugiados) que rumam ao centro e norte da Europa. Na Eslovénia, Croácia, Sérvia e Macedónia, o controlo fronteiriço tornou-se rigoroso e apenas indivíduos de proveniência síria têm permissão de passagem, ao abrigo da lei de protecção do refugiado de guerra.

O bloqueio faz com que milhares de migrantes sejam forçados a permanecer, involuntariamente, nos países que o efectivam, o que conduz a situações de grande vulnerabilidade. Na Sérvia, a situação é especialmente preocupante; oitenta por cento dos migrantes “bloqueados” residem em abrigos disponibilizados pelo governo e aguardam indefinidamente por uma decisão política europeia; os restantes, cerca de dois mil, permanecem em abrigos informais, sem acesso a estruturas de apoio mínimo, como casas de banho ou água potável. Em Belgrado, junto à estação de comboios, existem três armazéns abandonados onde residem mais de mil migrantes de origem paquistanesa e afegã. A maioria tenta sucessivas vezes – e sem sucesso – atravessar a fronteira. A polícia responde violentamente a esses ensaios. Nas tendas montadas pelos Médicos Sem Fronteiras junto aos armazéns, o tipo de auxílio prestado aos migrantes denuncia situações de abuso por parte das autoridades fronteiriças. “Tratamos sobretudo feridas provocadas por mordidelas de cães, escoriações graves, sintomas provocados por exposição a gás-pimenta e electrocução (por uso de taser)”, refere Andrea Contenta, assessor da organização. “A Sérvia é um exemplo de fracasso da política migratória europeia”, acrescenta.

A comissão da ONU para os refugiados confirma que pelo menos cinco pessoas morreram em consequência das baixas temperaturas que se fazem sentir actualmente em Belgrado, que chegam a atingir os -15ºC.
As imagens seleccionadas referem a um período de três meses de cobertura fotojornalística da agência Reuters na região, entre Novembro de 2016 e Janeiro do presente ano.