2.2.17

Idosos isolados partilharam histórias e memórias com Marcelo empenhado no voluntariado

in Dnotícas

Histórias com décadas, fotografias a preto e branco e memórias que nem a solidão apaga foram hoje partilhadas com o Presidente da República por idosos que vivem isolados, tendo Marcelo Rebelo de Sousa manifestado “apoio ao empenhamento voluntário”.

Acelerado no passo, mas demorado em cada uma das visitas, Marcelo Rebelo de Sousa dedicou mais de duas horas e meia da tarde hoje a falar, ouvir, abraçar e acompanhar idosos que vivem isolados na baixa de Lisboa - com a Associação Mais Proximidade Melhor Vida, que lhes presta assistência -, um problema, alertou o Presidente, a que “todos os portugueses têm que dar mais atenção”.

Do programa fazia parte a visita a quatro casas da zona da baixa lisboeta, percurso entre elas que foi constantemente interrompido pelas muitas pessoas - portugueses e estrangeiros - que queriam falar com o Presidente da República e tirar as já populares ‘selfies’, tendo até havido tempo para Marcelo comprar umas castanhas assadas.

“Foram quatro histórias completamente diferentes. Eu diria que há um caso de uma senhora, a dona Clara, que realmente dá um romance de vida. Trabalhou no tempo do volfrâmio, escondia o volfrâmio, com isso conseguia algum dinheiro e depois fez uma vida de aventura única e irrepetível”, relatou no final aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa, declarações feitas já debaixo de alguns chuviscos, que durante a tarde deram uma trégua à comitiva presidencial.

Minhotos de nascimento e apoiantes do Sporting de Braga, Dona Clara e Marcelo - o “senhor professor”, como fez sempre questão de o chamar - conversaram animadamente durante mais de 40 minutos, como se de velhos amigos se tratassem, tendo o Presidente da República confessado: “se eu não tivesse outras coisas ficava aqui e ainda jantava consigo”.

Viram-se fotos de Vieira do Minho - onde Marcelo, por mais de uma vez, deu a entender que gostava de voltar a levar Dona Clara -, folheou-se um livro, já comido pelo tempo, da Fundação de Portugal, que tinha dentro uma foto do avô da minhota e até se descobriu que o neto da vizinha, que também estava sentada à mesa, tinha sido fisioterapeuta do Presidente da República.

Mas a Dona Clara mostrou também admiração por outro Marcelo, concretamente Marcello Caetano, a quem “é muito grata” pela reforma social.
Um longo abraço à porta marcou o fim da visita - prédio no qual o chefe de Estado encontrou um conhecido que tem um escritório de advogados naquela zona da baixa lisboeta -, seguindo-se depois os restantes idosos que estavam sozinhos.

Mas o antigo professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa visitou ainda os avós de um ex-aluno, que foi surpreendido pelo telefonema de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Quando cheguei a casa do senhor Leonel parecia completamente apático e, mal se lhe mostrou o símbolo do Futebol Clube do Porto, de repente começou aos pulos, de facto o futebol tem um efeito motivador inesperado em pessoas com solidão, distanciamento, e que estão anos sem sair de casa”, contou ainda aos jornalistas.

O chefe de Estado deixa assim uma mensagem clara de “apoio ao voluntariado”, incentivando esta prática porque “tem de haver mais gente - sobretudo mais gente nova - empenhada neste tipo de trabalho”.

“Eu vou continuar nisto, hão de ver nas próximas semanas, vou correr mais sítios noutro tipo de atividade, mas sempre com a mesma ideia: apoio ao empenhamento voluntário, a começar nos mais novos, a pensar sobretudo naqueles que estão numa situação mais dependente”, garantiu o Presidente.